domingo, 28 de novembro de 2010

Em lugar de um prefácio... - Descartes

Uma vez cheguei a refletir sobre as diferentes ocupações a que os homens se entregam nesta vida e fiz a tentativa de selecionar as melhores delas. Mas não é necessário contar aqui a que pensamentos cheguei a respeito: basta dizer que, pela parte que me toca , nada me pareceu melhor do que me manter estritamente em meu propósito, ou seja, empregar todo o tempo da vida para desenvolver minha razão e seguir, da maneira que me havia proposto, na pista da verdade, pois os frutos, que já havia saboreado seguindo esse caminho, eram de tal ordem que, em minha opinião, nada mais agradável, mais inocente, se pode encontrar nesta vida: além disso, desde que recorri a essa forma de observar, cada dia me levou a descobrir algo de novo, que tinha sempre uma certa importância e que de modo algum era do conhecimento geral. Finalmente, minha alma ficou tão repleta de alegria que todas as outras coisas já nada podiam lhe fazer...

sábado, 27 de novembro de 2010

Alegria, alegria! - Caetano Veloso

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tocando em frente - Almir Sater

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

domingo, 21 de novembro de 2010

Sou "filha de Xangô", segundo a minha mãe:

Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos. É altivo transmitindo vigor e sensualidade. Gosta de comer e beber bem, é um apreciador das coisas boas da vida e gosta de compartilhar tudo com aqueles a quem estima, pois faz parte de sua natureza agradar os amigos. Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte,enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria.Na estrutura corporal, apresenta-se com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se pode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha. Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura; Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô, pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistos como Oxum, Oçanhe e Omolu. Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado a aventuras. Não são os mitos sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos que confessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se auto-afirmar através desse expediente. São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo. Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência egocêntrica. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou burgueses, é resultado dessa configuração psicológica. Sua vida profissional começará cedo, tem a sua disposição carreiras que o coloquem em contato com o público, tais como, vendas, política, advocacia e tudo que seja ligado à justiça, mercado financeiro e administração de bens de terceiros também lhe cabem. Mas, qualquer que seja a atividade ele (a) lutará pra ter reconhecimento e destaque. Embora seja desorganizado é exigente e rigoroso com seus comandados, que geralmente são leais e produtivos, pois apesar de sua severidade sabe como premiar e motivar aqueles que rendem bem. É crítico, mas faz as suas observações abertamente e com a mesma sinceridade com que critica distribui elogios a quem os mereça. Não gosta de projetos a longo prazo pois se impacienta com a espera por resultados, é honesto, esperto e rápido , mas sempre fará tudo as claras, cumprindo sempre com sua palavra. O filho de Xangô é protegido pela sorte com S maiúsculo, quando tudo parece dar errado no fim o sucesso baterá a sua porta. O problema para ele é saber conservar o que conquista, já que gasta demais com coisas que não constituirão reserva patrimonial.Apesar de autoritário, a bondade do filho de Xangô é grande, ele concilia severidade com justiça, exigência com reconhecimento, cobrança com recompensa.. As emoções desta pessoa são variáveis. Por vezes é orgulhoso, impulsivo, mutável, rebelde. Noutras ocasiões é cortês, generoso e diplomata.Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que sabem ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira rápida mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual. Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades. Seus inimigos serão tratados com rigor e ele fará tudo para desacreditá-los frente aos outros. Mas por maiores sejam as provações que ele tenha que passar haverá sempre uma sorte fantástica a protegê-lo que o anima e encoraja a prosseguir. Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo. Representa o poder transformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze, assim como doze são os ministros, Obas, de Xangô. Apesar de discordarmos da visão privilegiada do fogo como elemento de Xangô, insistimos que a pedra é seu símbolo básico, mais redutor e mais abrangente ao mesmo tempo.

Por Fernando Guillar

Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher... Quero ser mulher, vejo-me menina...

sábado, 20 de novembro de 2010

Re-AMAR - Caio F. Abreu

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também...Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu era um lobisomen juvenil - Legião Urbana

Luz e sentido e palavra
Palavra é!
Que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem
O que você me diz...

Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito
E você estava
Esperando voar
Mas como chegar
Até as nuvens
Com os pés no chão...

O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo...

O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões...

Qual foi a semente
Que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito
O que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser
O dia mais importante...

Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...

Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou
Me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar
Tão preocupado assim...

Mesmo se eu cantasse
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato...

Mas se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...

Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Casa Pré-fabricada - Los Hermanos

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota...


É... É bem por aí... rs

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu apenas queria que você soubesse - Gonzaguinha

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida!!!


MINHA MÚSICA DE HOJE... FELIZ...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Intolerância

Carregar o "mundo nas costas" não dá mais. Quero (e preciso) de ar.



SEM MAIS.

Limitação involuntária

A solidão é a pior limitação do 'ser-humano'. Por vezes, tenho me 'pegado' só. Pensativa. Instrospectiva. Misantrópica. E isso não me faz bem, acredite. Tenho estado sufocada, como diria Vinícius: eu tenho tudo pra ser feliz, mas acontece que sou triste. Pessoas realmente importantes que se esvaem como pluma no ar, brigas inesperadas e sem porquês. Tudo isso está se inflando, se tornando maior. Às vezes tenho a sensação de que tudo isso é passageiro... Mas às vezes, demora tanto... Dói tanto. Não sei se são só reflexos da TPM, mas que existe algo nesse momento que é totalmente indesejado por mim, isso é inegável. Quem sabe a solução não seja a ilusão colorida de um mundo sem viés de esperança, sem cor, sem valores...? Toda essa complexibilidade me confunde, mas como Raul afirmou: se eu não pensasse tanto, não sofria tanto...

Ai;

Eu não aguento mais!

sábado, 13 de novembro de 2010

Há tempos.

Bom, vamos falar de nossos bons tempos... Dos nossos graciosos bons tempos... Tempo em que brincar na rua era muito legal, mesmo. Tempo em que a TV Colosso existia. Que Mamonas Assassinas também existia. Que as crianças eram só crianças. Não eram adultos em miniatura... Que as meninas andavam de 'maria-chiquinha', que os meninos andavam de 'rayder'. Tempo em que existiam sorrisos com ternura, que existiam conversas reais, que as pessoas realmente se conheciam... Tempo em que o amor se fazia presente. Em casa. Na escola. No trabalho. O amor, naquele tempo, existia. Era intenso. Vivido. Aquele amor, sabe? Que traz paz, é confortante... Saudade do tempo em que ouvir 'Chico' não era motivo de chacota dentre os jovens. Que a poesia de Clarisse era admirada, valorizada e respeitada. Tempo em que o 'Sítio do Pica Pau Amarelo', nos remetiam ludicamente à nossa infância.... Tempos esses, que em sua maioria, não tive oportunidade de vivenciar... Mas duvido muito que sejam comparáveis aos dias de hoje... Nostalgia do que não vivi, nostalgia de tudo o que foi lindo, de tudo o que nos faz falta atualmente. Tenho sede. Sede do que pra muitos, é 'demodê'. Das músicas lindas e censuradas do Caetano, da prosa larga de Vinícius e da bossa do Tom. Quero tudo de volta. Quero tudo. Não há de ser meus futuros dias vazios, sem o que pra mim, se faz essencial. Não há de ser....